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Contar a história do presente para fixar na memória

Marcus Tullius 

Coordenador geral da Pascom Brasil

Bacharel em Filosofia e Comunicação Social



“Para que possas contar e fixar na memória” (Ex 10, 2)


Na proximidade do Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado pela Igreja Católica na Ascensão do Senhor (este ano, a 24 de maio), o papa Francisco providencial e provocantemente nos convida a refletir sobre duas realidades importantes: memória e história. E, para contar histórias e produzir memória, Francisco não utiliza em nenhum momento expressões ligadas às tecnologias, mas por três vezes usa o verbo tecer. Tecer envolve habilidade, tempo desprendido, afeto.


A mensagem do pontífice é providencial e provocante, pois, na escolha do tema e sua posterior divulgação, ninguém de nós imaginaria passar esta data mergulhado numa pandemia. Fomos forçados a parar e, “nesta pausa restauradora na nossa caminhada rumo ao céu”, a celebração do 54º Dia Mundial das Comunicações Sociais lança muitas luzes e lampejos de esperança para viver este tempo.


“Para que possas contar e fixar na memória” (Ex 10, 2) é a citação bíblica que inspira a reflexão do Papa, completada da afirmação A vida faz-se história.  A escolha de um trecho do livro do Êxodo, no Antigo Testamento, não é casual. É um livro repleto de memórias. É a partir da memória e do conhecimento intelectual do passado que o povo abatido alimentou a sua fé no Deus que revigora o ânimo e está disposto para caminhar de novo com o povo sofrido. Se olhamos para esta realidade do passado, encontramos força para contemplar e perseguir o tempo presente. Assim como outrora, os comunicadores de hoje têm a missão de testemunhar o tempo presente por meio das histórias narradas.


Diante de tantas descobertas e evoluções, uma coisa é certa: nós não podemos retroceder.

A comunicação, dinâmica por sua natureza, tem se transformado dia a dia. Isso atinge os meios de comunicação e também a Pastoral da Comunicação - Pascom. Tivemos que nos reinventar de maneira brusca e num período muito curto, sem o planejamento devido para suprir necessidades urgentes. Fomos aprendendo com a crise. Fomos fazendo com a crise. Fomos crescendo com a crise. Estamos nos transformando com a crise.


A grande transformação que os meios estão vivendo, e que deve permanecer no pós-pandemia, reside no que comunicar. Precisamos de uma comunicação positiva, promotora do bem, da vida, de uma comunicação que conte boas histórias, como nos impulsiona o Papa Francisco. Sabemos que nem todas as histórias são boas, nem por isso o bem deixa de acontecer. A velocidade e a intensidade das notícias que não são boas parecem encobrir as iniciativas bonitas que acontecem. Por isso, a Pascom deve ser a voz que clama no deserto e proclama a boa notícia que acontece nas comunidades, paróquias e dioceses de todo o Brasil. Precisamos nos unir e fazer com que a mensagem ecoe pelas mídias de inspiração católica e também na mídia secular.


Quando as nossas igrejas-templo forem reabertas e nossas celebrações com a presença do povo forem retomadas, não podemos nos esquecer dos fiéis que, da sua Igreja doméstica, permanecerão ali conectados

Contar histórias é algo inerente à missão dos comunicadores. É preciso tecer histórias e não pode ser uma história qualquer. Precisamos tecer uma história verdadeira, não só por obrigação moral, mas como uma consequência da radicalidade de nosso Batismo e de nosso encontro pessoal com a Palavra de Deus. Segundo o Papa, ela é a História das histórias, “uma grande história de amor entre Deus e a humanidade”.


A pandemia tem nos ensinado que é muito bom estar perto fisicamente, mas que podemos permanecer unidos e utilizar outras formas para expressar a nossa união. Diante de tantas descobertas e evoluções, uma coisa é certa: nós não podemos retroceder. Entramos com tudo no continente digital e não podemos simplesmente dar um tchauzinho para ele.


Quando as nossas igrejas-templo forem reabertas e nossas celebrações com a presença do povo forem retomadas, não podemos nos esquecer dos fiéis que, da sua Igreja doméstica, permanecerão ali conectados. Vamos caminhar par a par com o Magistério da Igreja, com as reflexões teológicas e tecnológicas para aprimorar ainda mais nossa presença neste ambiente. É preciso que as pessoas, ali, continuem sentindo a presença da Igreja.



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