
Em um dia como este, há 28 anos, acontecia a ordenação episcopal de dom Xavier Gilles de Maupeou d’Ableiges, pela imposição das mãos de dom Paulo Eduardo Andrade Ponte, arcebispo da Arquidiocese de São Luís do Maranhão.
Nomeado bispo pelo Papa São João Paulo II, dom Xavier Gilles, missionário francês Fidel Donum que chegou ao Brasil na década de 1960, assumiria a função de bispo auxiliar da Arquidiocese de São Luís do Maranhão, até sua nomeação como bispo da Diocese de Viana (MA), lugar onde ficaria até sua renúncia por idade.

Atualmente, dom Xavier Gilles reside em São Luís, capital maranhense, lugar de um povo que se orgulha deste filho da França que se tornou brasileiro na terra do coração, o Maranhão.
Sobre dom Xavier Gilles Maupeou d’Ableiges

Filho de Gilles Marie H. de Maupeou d'Ableiges e Marie Fernande de Maupeou d'Ableiges, dom Xavier cursou o ensino básico em Nantes. Seus estudos de filosofia e teologia foram concluídos em Saint Suplice, Issy-les-Moulineaux.
Quando diácono, sentiu-se chamado a ser missionário. Aprouve a Divina Providência, em passagem pela França, o bispo auxiliar da Arquidiocese de São Luís do Maranhão, dom Antônio Batista Fragoso, no episcopado de dom José de Medeiros Delgado, solicitou um padre para iniciar o trabalho da Ação Católica em São Luís, capital do estado do Maranhão.
Na época, estava recente a publicação da Encíclica Fidei Donum do Papa Pio XII, em 1957, cujo teor era incentivar o trabalho das missões, sobretudo, na América Latina.
Assim, diante do pedido, tão logo foi ordenado sacerdote, no dia 30 de junho de 1962, em Le Mans, partiu para o Brasil. Sobre sua vinda, no ano de 2007, concedeu entrevista ao site do Instituto Humanitatis Unisinos (IHU), onde conta suas motivações e atmosfera vivida durante este período.
Dom Xavier concluiu a Licenciatura em Filosofia pela Universidade Federal do Piauí e Licenciatura em Direito pela Universidade Federal da Paraíba. Em São Luís, foi vigário paroquial na paróquia Nossa Senhora da Conceição, hoje Santuário, no bairro Monte Castelo (1963) e, entre 1964 e 1967, foi pároco da paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro que leva o nome da Igreja. No ano de 1971, dom Xavier foi preso, junto com padre Antônio de Magalhães Monteiro, ambos sob a acusação de comunismo.
Foi também Assistente Eclesiástico da Juventude Operária Católica (JOC) do Maranhão e atuou no interior do Maranhão como pároco no município de São Benedito do Rio Preto e no município de Urbano Santos de 1968 a 1979. E nos municípios do interior do Maranhão, dedicou-se ao trabalho com as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).
Foi Coordenador Estadual da Comissão Pastoral da Terra e das CEBs do Maranhão (1980-1982). Também foi Secretário Nacional do Comitê Episcopal França - América Latina entre 1982 e 1988 e Reitor do Seminário Interdiocesano Santo Antônio em São Luís do Maranhão (1989-1994). Assumiu ainda a função de Reitor e Pároco da paróquia-santuário de São José de Ribamar-MA, entre os anos de 1993-1995.
Em 1995, foi nomeado pelo Papa São João Paulo II, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Luís do Maranhão, onde adotou como lema Omnia possum in eo qui me confortat. Dom Xavier permaneceu bispo auxiliar até o ano de 1998 e antes de deixar a função, foi vigário da Arquidiocese de São Luís do Maranhão e Moderador da Cúria. Três anos depois, foi nomeado bispo da diocese de Viana (1998), onde permaneceu até sua renúncia por idade.
Atuou como bispo responsável pelas CEBs do Maranhão, trabalhou na Comissão Episcopal do Seminário Interdiocesano e do Centro Teológico do Maranhão (SISA e CETEMA), exerceu a função de juiz do Tribunal Eclesiástico, bispo responsável pelo Clero do Regional Nordeste 5 da CNBB e capelão do Hospital Aquiles Lisboa.
Dom Xavier também exerceu a função de bispo referencial para as Pastorais Sociais do Maranhão, foi vice-Presidente do Regional Nordeste 5 e vice-Presidente da Comissão Pastoral da Terra Nacional.
Sua atuação é destacada na luta pelos direitos humanos, motivo pelo qual possui várias condecorações. Uma delas, a Medalha do Mérito Judiciário Desembargador Antonio Rodrigues Vellozo, entregue no dia 13 de julho de 2021. A medalha, instituída pela Resolução nº 572013, "é concedida a personalidades de comprovada idoneidade moral e reconhecido merecimento, constatados pela prática de atos ou serviços relevantes em favor do Poder Judiciário do Maranhão".

Com vida que inspirou a coragem de muitos, no mesmo ano em que recebeu a Medalha do Mérito Judiciário, dom Xavier ganhou um livro biográfico, escrito pelo jornalista Wilson Moraes, com o nome: “Chamado: Vida e vocação missionária de Dom Xavier”.
Dois anos antes, em 2019, o famoso historiador italiano, padre Cláudio Zanoni, publicou a tradução da obra "Quando a Palavra encontra a vida", livro de autoria de dom Xavier Gilles, cujo original foi escrito em francês.
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