A Pastoral do Povo de Rua, do Regional Nodeste 5, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), emitiu nota de repúdio nesta quarta-feira (27), por ocasião do espancamento de uma mulher em situação de rua ocorrido nesta semana em Caxias (MA). As cenas do ato de violência foram amplamente divulgadas na imprensa maranhense e causou indignação pelas circunstâncias de crueldade e covardia, uma vez que a vítima, além de ser uma mulher, foi espancada por dois homens.
Em nota, a coordenação estadual da Pastoral do Povo de Rua, representada por Zenilda Bezerra, pede empenho das autoridades legais sobre o caso, uma vez que trata-se de uma usuária de drogas, sem vínculos familiares, que vive em situação de rua.
A Igreja da Diocese de Caxias já acompanha o caso há alguns anos e informou que a vítima, além de usuária de drogas, possui transtornos psicológicos e psiquiátricos, que somados ao quadro de dependência química, não manifesta interesse pelo tratamento clínico - alternativa indicada para o caso. Dessa forma, acreditam que torna-se urgente a intervenção das autoridades competentes, uma vez que o cenário atual causa insegurança e risco de morte à mulher que foi espancada.
Zenilda Bezerra, coordenadora da Pastoral do Povo de Rua e membro da Articulação Regional das Pastorais Sociais, refere-se à vítima como "nossa irmã de Caxias" e convida os fiéis, mesmo os não participantes das Pastorais Sociais, pessoas de boa fé, no geral, a vencerem as barreiras do egoísmo e a se comprometerem com a Pastoral do Povo de rua no auxílio da população que sofre .
Leia nota na íntegra abaixo:
NOTA DE REPÚDIO
“O Senhor age com retidão,
faz justiça a todos os oprimidos” (Sl 103,6)
A Pastoral do Povo de Rua do Regional Nordeste 5 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) vem a público manifestar seu repúdio ao fato divulgado pela imprensa maranhense, na última segunda-feira (25/03), sobre o espancamento de uma mulher em situação de rua, agredida covardemente por dois homens.
A Pastoral do Povo de Rua acompanhou as cenas aviltantes, que são retratos de um tempo onde o ser humano e sobretudo, os mais frágeis e vulneráveis, vêm sendo vilipendiados nos seus direitos naturais, fundamentais e constitucionais, ressaltando-se aqui o direito à vida, à segurança, à educação e à assistência aos aspectos relacionados à saúde e à moradia.
O caso choca não apenas pelas cenas explícitas e sem nenhum constrangimento por parte dos agressores - dois homens que cruelmente espancaram uma mulher – mas deve, sobretudo, nos encorajar a algo mais do que a pura perplexidade com os acontecimentos. É necessário arrostar o nosso gigante do comodismo, egoísmo, individualismo e inércia relacionado às situações de injustiça. É preciso sermos temerários entre os apequenados de alma, audaciosamente indo onde ninguém ousa ir. É preciso, mais do que sentir repúdio, é necessário estender as mãos e ajudar.
Sabendo disso, reivindicamos junto às autoridades competentes, partindo do princípio da dignidade humana, que tomem as devidas e urgentes providências para o acolhimento da que agora chamamos “nossa irmã de Caxias”. A vítima sofre com a condição de situação de rua e somado a isso, sofre também com a drogadição, por isso, não pode depender dela a solução do caso, uma vez que se encontra vulnerável e presa ao vício.
Outrossim, a vítima também é a sociedade, uma vez que vê a intolerância de uma pessoa que agride um ser humano indefeso e desprovido das mínimas condições de vida com dignidade. Tornamos, portanto, público nosso repúdio aos malfeitores e reivindicamos providências das autoridades competentes, uma vez que a situação é urgente e coloca a vítima em risco de morte.
São Luís, 27 de março de 2024.
Zenilda Bezerra
Coordenadora Regional da Pastoral do Povo de Rua
Membro da Articulação Regional das Pastorais Sociais-REPAM
Regional Nordeste 5/CNBB
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