“A Igreja é família de famílias, constantemente enriquecida pela vida de todas as igrejas domésticas”. Nesse trecho extraído da exortação apostólica do Papa Francisco, Amoris Laetitia 87, o Santo Padre aponta a importância da família para a Igreja. Esse direcionamento é reforçado no parágrafo 1666, do Catecismo da Igreja Católica, que afirma: “O lar cristão é o lugar onde os filhos recebem o primeiro anúncio da fé. É por isso que a casa de família se chama, com razão, ‘igreja doméstica’, comunidade de graça e de oração, escola de virtudes humanas e de caridade cristã”.
Em ambos os documentos, a importância que a família tem para a Igreja é explícita. Rosi Calacio – juntamente com seu esposo, Fabiano Calacio, são coordenadores interinos da Pastoral Familiar – reforça que a família é a célula-mãe e a partir dela que a sociedade se constrói. Partindo deste princípio, a Pastoral Familiar surge com o intuito de fortalecer os vínculos entre as famílias, sua relação com Deus e seu serviço à comunidade como um todo, cujas atividades são voltadas para as famílias em todas as fases. A parceria Igreja-família é recíproca. “Assim como a Igreja precisa da família, a família precisa da Igreja para transmitir valores e fé”, complementa Rosi.
Segundo o padre Orlando Ramos, assessor eclesiástico da Pastoral Familiar, este ministério já está em quase todas as paróquias da Arquidiocese de São Luís. “Isto significa dizer que aos poucos estamos adentrando nas paróquias para implantar esse trabalho de suma importância para a Igreja e de modo particular para as famílias”, diz. O padre explica que o principal objetivo desta pastoral é a evangelização das famílias para que, uma vez educada no amor, ela também possa ser geradora de vida e fé.
A estrutura
A Pastoral Familiar está voltada para a vivência da família, promovendo a evangelização continuada dos relacionamentos familiares buscando sempre consolidar o matrimônio, orientando os casados e a família para uma vida de santidade.
Em se tratando de Regional Nordeste V, os setores que compõem a pastoral, são: pré-matrimonial (compreende as fases da preparação remota, próxima e imediata para o matrimônio), pós-matrimonial (responsável pelo acompanhamento do casal, da família ao longo da caminhada) e casos especiais (setor ligado às famílias de vulnerabilidade, em situação de risco, casais que estão em conflitos e dificuldades). “Além desses setores, nós temos também um casal responsável pela espiritualidade da Pastoral Familiar e outro casal que é responsável por aquilo que nós chamamos de ‘tempos fortes’ que são os momentos litúrgicos fortes ao longo do ano”, complementa padre Orlando.
Elisandra Braga, personal trainer, e Luciano Braga, servidor público, estiveram presentes na formação para o casamento do setor pré-matrimonial. Ela conta que participar dessa turma foi de extrema importância. “Entendemos o verdadeiro significado do matrimônio, a responsabilidade, os pilares para viver uma vida a dois, a confirmação do matrimônio com Jesus e saber que, além de dois, seremos três, a partir da confirmação com Ele. Além da responsabilidade e compromisso com Deus e a Igreja, a partir do nosso matrimônio”, compartilha Elisandra. Eles se casaram no civil em maio e no religioso em novembro.
Estratégias e desafios
Padre Orlando revela que as perspectivas de futuro são bastante otimistas, porém muito desafiadoras: “Sabemos que a família está passando por um momento de vulnerabilidade, inclusive até por uma mudança de conceito e a Pastoral Familiar precisa, de certa forma, interagir com esse novo conceito de família”. O assessor espiritual também explica que a pandemia fragmentou bastante o relacionamento conjugal e a família como um todo. Ele afirma que a pastoral tem o compromisso de ir até essas famílias para sanar essas situações.
Outro grande desafio, ainda de acordo com o padre, é o que concerne aos valores familiares - sejam éticos, morais ou religiosos -, às vezes esquecidos, distorcidos, fragmentados e por vezes até esfacelados. Padre Orlando ressalta que é bastante desafiador, mas faz parte da pastoral assumir tais desafios e apresentar realmente uma solução para essas dificuldades que são apresentadas na família atual. “Precisamos traçar planos, inclusive de ação frente a essa nova realidade que estamos enfrentando como consequência do afastamento de muitas famílias da Igreja devido a Covid-19, por exemplo. Muitas famílias não voltaram totalmente, esqueceram um pouco, eu diria, daquele hábito de ir à Igreja. As perspectivas são desafiadoras, mas somos muito otimistas no que concerne a esse retorno do trabalho junto às famílias”, finaliza padre Orlando Ramos.
O Papa Francisco em Amoris Laetitia 53 diz que a força da família está na sua capacidade de amar e de ensinar a amar, pois, apesar de todos os problemas de uma família, ela sempre pode crescer, começando pelo amor. Elisandra Braga conta que o conceito acerca da igreja doméstica ensinado na formação pré-matrimonial já está sendo praticado com seu esposo. “Todos os dias ficamos próximo de Deus e nos alimentamos da sua fé”, conta.
No Brasil, a Pastoral Familiar teve início em 1980 e em São Luís, sua atuação aconteceu a partir de 1991.
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