top of page

Campanha da Fraternidade 2020 convoca ao cuidado com a vida e amor ao próximo

Por Rômulo Gomes, Pascom Conceição

“E quem é o meu próximo?”. Para responder a essa indagação, feita por um mestre da lei que tentava pô-lo à prova, Jesus contou uma de suas mais conhecidas parábolas. Um homem descia para Jericó quando foi despido, espancado e quase morto por assaltantes. Um sacerdote passava pela mesma estrada, mas mudou de lado quando viu o homem; um levita repetiu a atitude. Também fazia essa viagem um samaritano. Ele, por sua vez, viu o homem, aproximou-se e teve piedade. Além disso, cuidou das feridas, com vinho e óleo, e o levou até uma hospedaria.


O gesto do bom samaritano está registrado no Evangelho de Lucas 10, 25-37, trecho bíblico inspirador do tema da Campanha da Fraternidade 2020: “Fraternidade e Vida: dom e compromisso”, que convoca os católicos brasileiros ao exercício de um olhar misericordioso e cuidadoso em relação a todas as formas de vida, em especial àquelas menos favorecidas. A Igreja do Brasil buscou ainda alusão ao ícone de compaixão para os nossos dias, Santa Dulce dos Pobres, canonizada no dia 13 de outubro de 2019. A abertura nacional acontecerá no dia 26 de fevereiro, às 9h, Secretaria Executiva de Campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Na Arquidiocese de São Luís, serão realizadas duas aberturas, nos dias 29 de fevereiro, na Sede da Renovação Carismática, no Angelim, e 1º de março, na Forania São Benedito, no continente.


A vida da irmã Dulce foi dedicada ao acolhimento de todos que iam ao seu encontro, sem fazer distinções. Por isso, assim como o bom samaritano, ela foi tomada como referência ao itinerário quaresmal proposto para este ano, com um chamado à empatia pelas dores do outro. “A exemplo de Santa Dulce dos Pobres, somos convidados a não só dizer, mas a agir: ‘se fosse preciso, começaria tudo outra vez do mesmo jeito, andando pelo mesmo caminho de dificuldades, pois a fé, que nunca me abandona, me daria forças para ir sempre em frente’, citou padre Luís Carlos Andrade Macedo, da Comissão Arquidiocesana de Campanhas, relembrando uma fala da santa.


O desafio é imenso. Quem decide enfrentar essa missão é confrontado, permanentemente, por situações sociais de banalização da vida. O texto-base Campanha da Fraternidade 2020 aponta algumas dessas problemáticas: tentativa de legislar contra a vida de desprotegidos; as migrações forçadas; crianças invisíveis na sociedade do espetáculo e do consumo; desemprego altíssimo; falta de oportunidades oferecidas aos jovens; altos índices de mortalidade juvenil; depressão, a ansiedade, a desigualdade social; a falta de acesso uma educação, saúde, esporte lazer de qualidade; má distribuição de renda no país; o crescimento da pobreza extrema; falta de cuidado para com a natureza, dentre tantos outros. Num contexto que estimula o individualismo, é comum observar que a resposta a essas questões, muitas vezes, é a indiferença.


A partir da experiência na quaresma, propõe-se uma mudança de postura, de modo a “não ficarmos alheios às dores do outros”, como ressaltou padre Luís. Para isso, torna-se necessário um movimento interior pela compaixão diante das vidas ameaçadas. “A Igreja nos convida a não nos cansarmos de fazer o bem, mas, com a força do Espírito, termos sempre o olhar de solidariedade social, um olhar da fé que enxerga luzes, um olhar solidário, que exige uma ética do cuidado, buscando o apoio também da sociedade civil organizada, como conselhos de direitos, organizações não governamentais, sindicatos, associações de bairro, conselhos paritário”, apontou o padre.


Compaixão em gestos concretos


Um grupo que havia participado do Encontro de Casais com Cristo (ECC) estava incomodado com a quantidade de crianças e jovens usando drogas num terreno baldio, no bairro da Alemanha, em São Luís. Mas esses homens e mulheres não ficaram apenas no incômodo ou mudaram de calçada, quando avistaram essa situação; em vez disso, eles resolveram criar, 28 anos atrás, o Centro Beneficente Nossa Senhora da Glória, erguido no mesmo local antes usado para o consumo de entorpecentes. Em quase três décadas de atuação, esse gesto concreto de olhar a dor do outro, de se aproximar e de ter compaixão já salvou muitas vidas.


O centro tornou-se uma organização da sociedade civil, que tem como missão trabalhar com crianças e adolescentes de 3 a 15 anos em situação de vulnerabilidade social. Também há atendimento a pessoas idosas. Lá, são recebidos, principalmente, moradores das regiões vizinhas mais periféricas, como o Barreto e Caratatiua. A exigência básica, para participar, é a matrícula em uma escola formal. No contraturno das aulas, é oferecido reforço escolar, atividades de cultura, artes e esporte, além de alimentação.


“Muitas delas têm dificuldade de acompanhamento, pela família, das atividades que vêm da escola formal. Para isso, temos educadoras sociais, habilitadas, capacitadas e formadas, que dão essa assistência. Além disso, trabalhamos com literatura, leitura, que é uma grande deficiência das escolas, e alfabetização mesmo. Muitas chegam com uma idade em que já deveriam estar escrevendo bem e lendo bem, mas não o fazem”, explicou a diretora financeira do Centro Beneficente Nossa Senhora da Glória, Marinalva Garcia Braga Pacheco, uma das fundadoras.


O projeto-mãe dessa iniciativa tem tudo a ver com a Campanha da Fraternidade 2020: Cuidando da Vida. “Não olhamos apenas um aspecto da criança; queremos olhá-la como um todo, inclusive com extensão às suas famílias. É comum que tenhamos de identificar o motivo de a criança estar no nível de energia tumultuada ou cabisbaixa, sem querer fazer as atividades. Vamos até as famílias para identificar os problemas que estão vivenciando, para que possamos auxiliar”, contou Marinalva. Atualmente, mais de 20 voluntários atendem as 197 crianças inscritas. O centro mobiliza, ainda, uma rede de colaboradores; alguns ajudam financeiramente e outros com doação do trabalho, mas sempre há espaço para uma colaboração a mais.


“A gente fica muito feliz ao ver que salvou uma série deles. A gente perdeu alguns, sim. A gente continua perdendo alguns, mas a gente já salvou tantos, já redirecionou a trilha de tantas crianças e adolescentes, que hoje são formados, são profissionais que estão no mercado de trabalho e isso nos deixa extremamente feliz”, orgulha-se Marinalva.

Nas comunidades eclesiais missionárias, também existem diversas iniciativas concretas de cuidado e solidariedade. Na Arquidiocese de São Luís, o projeto Jovem Guardião, da Pastoral da Juventude, acolhe egressos do sistema prisional e oferece a eles uma oportunidade de ressocialização. A Pastoral do Povo de Rua dá as mãos e auxilia pessoas em situação de rua. Esses são apenas dois exemplos dentre tantos outros serviços pastorais em que os cristãos-católicos podem se engajar para olhar e fazer alguma coisa para aliviar a dor do outro.


A CF 2020 na Arquidiocese de São Luís


A equipe arquidiocesana de campanhas organizou um cronograma de formações nas foranias da Arquidiocese de São Luís: São Luís Rei de França (18/01); São Benedito/Região do Munim (18/01); Nossa Senhora de Nazaré (25/01), Santos Anjos da Guarda (25/01), São José de Ribamar (25/01); São Cristóvão-Setor 1 (08/02); São Francisco e Santa Clara (08/02); São Benedito-Região dos Lençóis (08/02), Nossa Senhora da Vitória (08/02); São Cristóvão-Setor 2 (09/02); Nossa Senhora da Conceição (15/02); São Judas Tadeu (15/02); e São Benedito-Região Itapecuru (15/02), além da Paulinas Livraria (01/02). No dia 26 de fevereiro, o arcebispo de São Luís, dom José Belisário, concederá entrevista coletiva, no Seminário Santo Antônio, a partir das 14h. Nas paróquias e foranias, a Campanha da Fraternidade 2020 começará no dia 1º de março e se estenderá até o Domingo de Ramos.


Jornada Mundial dos Pobres


Jovens economistas e empresários, de todo o mundo, foram convocados pelo Papa Francisco a imaginar uma nova economia, baseada na fraternidade e na justiça misericordiosa para os pobres. A Jornada Mundial dos Pobres acontecerá entre os dias 26 a 28 de março, na cidade de Assis (Itália), A CF 2020 está em sintonia com esse evento, ao propor a construção da cultura do cuidado, da responsabilidade e da proximidade, estabelecendo uma aliança contra todo tipo de indiferença e ódio.








Comentarios


bottom of page