Sebastião Moreira Duarte

Uma das grandes vantagens do cristianismo sobre outras religiões é o sentido envolvente de sua mensagem, que abarca a totalidade das coisas criadas e se faz um convite aliciante à alma de quem é poeta. Quintiliano deixou dito que a alma humana é naturalmente cristã. Poderia dizer mais: a alma cristã é naturalmente poética.
É assim que leio as palavras de São Paulo: “Tudo é vosso, vois sois de Cristo, e Cristo é de Deus (1Cor, 3, 22-23). O que também está expresso na síntese formidável (formidável, aqui, em seu significado primeiro: o medo que vem do mistério) de Teilhard de Chardin: “Tudo o que sobe, converge”... se não quiséssemos recitar, do grande místico jesuíta, as estupendas palavras do seu Hino à Matéria.
Essa marca de fortíssima poesia é sobretudo notável nas duas festas, que, uma levando à outra, sintetizam todo o credo dos cristãos: o Natal, lirísmo telúrico, e a Páscoa, telúrica epopeia.
O Natal é a celebração da perfeita ecologia. Epifania divina. Identificação e exata posição do ser humano em sua morada no universo.
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