Vivemos uma mudança de época, e seu nível mais profundo é o cultural. Dissolve-se a concepção integral do ser humano, sua relação com o mundo e com Deus. Há uma supervalorização da subjetividade individual e o enfraquecimento dos vínculos comunitários. A concepção de tempo e do espaço dá lugar primordial à imaginação que procura vivenciar o aqui e o agora e às concepções de inconsistência e instabilidade. A preocupação com o bem comum é deixada de lado para dar lugar à realização imediata dos desejos individuais. Mesmo tendo se passado 12 anos, estes pontos destacados no documento de Aparecida continuam marcas da cultura urbana, permanecem atuais e nos desafiam na vivência da missão (cf. DAp 44).
Nossa sociedade não é mais realidade de cristandade onde a lógica é a continuidade. A cultura urbana está marcada pela lógica da mudança constante que afeta também o ser cristão e o ser cristão católico em sua identidade missionária, pois pressiona para que a vivência da fé aconteça somente no âmbito do interior da pessoa que passa a escolher o que mais lhe satisfaz e emitir a sua opinião sobre tudo.
Na cristandade, Jesus era apresentado nas escolas, na família e a pastoral tinha o dever de manter a fé: pastoral de conservação. No mundo urbano, é necessário que Jesus, o verbo que se fez carne, o crucificado ressuscitado, seja apresentado e explicitado continuamente, que haja um acompanhamento às pessoas no caminho da fé e a abertura da comunidade eclesial missionária ao acolhimento.
O processo de evangelização missionária pede assumir plenamente a radicalidade do amor cristão, que se concretiza no seguimento de Cristo na cruz; no padecer por Cristo por causa da justiça; no perdão e no amor aos inimigos (DAp 543). Daí a importância de recomeçar a partir de Jesus Cristo (DAp 12, 41, 549) e de apresentar a possibilidade da experiência em uma comunidade eclesial missionária acolhedora, próxima, solidária e celebrante do mistério pascal de Jesus Cristo a fim de que sejamos, de fato, colaboradores (as) de Deus na missão.
A arquidiocese de São Luís, na assembleia de pastoral de 2016, assumiu realizar em 2020 um ano missionário em toda a arquidiocese. Com participação de cristãos leigos e leigas, religiosos(a), seminaristas, diáconos, padres, do bispo auxiliar e do arcebispo, continuamos a preparação do ano missionário, no decorrer de 2019. Damos graças a Deus por todas as pessoas que estão participando dessa preparação iluminada pelo mês missionário extraordinário cujo tema é: batizados e enviados – a Igreja de Cristo em missão no mundo; pela realização do sínodo para a Amazônia e pelas novas diretrizes para a ação evangelizadora da Igreja no Brasil.
A 30ª assembleia arquidiocesana de pastoral, deste mês de novembro, refletirá e indicará importantes atividades que muito contribuirão para a realização do ano missionário em toda a arquidiocese na comunhão das paróquias com as comunidades, pastorais, equipes e dos movimentos, serviços e novas comunidades.